Perceber que a teu lado, daquela forma distante e fria, serei permanentemente infeliz, indisposta a tudo o que me criaria disposição para viver e sorrir com credibilidade, faz-me assumir com facilidade o fim do que pouco senti começar. Mas o que fazer ao outro lado que insiste com teimosia querer aprender-te? Não estou bem, também não estou mal. Já sei sorrir sem verdade (nunca pensei) e já sei esconder a sombra que escurece o brilho de um olhar quase lívido, que antes transparecia a incandescência de uma gota de água trespassada pela luz matinal.
E deixar morrer o que me é essência, como a preocupação de ter bem, fez-me esmurecer irremediavelmentee cair no fosso de um abismo intransponível. Porque só me sei dar a quem me dá. E tu nunca te deste. E eu nunca me dei.
Falta a empatia de um simples gesto, falta a empatia do toque, falta a empatia das palavras. Falta o á vontade da entrega, falta a cumplicidade que roubaste no momento em que te desconheci pela primeira vez.
E o que nasceu de uma paixão descreditada passou a um estranho amor inconcebível.
Não me quero enganar como te enganas, não me quero diferente. E como tu não és, eu sou susceptível a mudança. Quero ser eu, quero-me procurar, quero voltar a mim e assumir a insaniedade que me é natural.
Tenho um caminho descolorado pela ilusão, pela utopia que quero fazer real, mas que não é e que nunca será.
Enquanto não te encontrares, enquanto não me encontrares, a felicidade de que falas será apenas irrisória, constrangedora, apoiada pelo fingimento alucinado da noite (estarei a ser egocêntrica?).
E a mentira permanece. Porque afinal quero-te perto e quero-te longe, quero-te comigo e quero-te sem mim, quero perceber-te, mas tenho medo de te entender. Irrito-me assim, não sou eu.
Descobri-me fraca e sensível, descobri-me forte e insensível. Descobri que me faço, que me reconstruo mesmo sem querer. E que uso de uma complexidade maior do que a que me julgava capaz. Mas a simplicidade fascina-me e o interesse que lhe tenho é desmedido.
E o desejo único de me ter passa pelo único de te ter e a explicação é simples: quero-NOS UM (sinceridade que me destrói, que me é primordial como o propósito de sofrer) porque não acredito na efemeridade que a sociedade transpõe no AMOR.