quarta-feira, 18 de julho de 2007

Dói-me a alma...

Quero curá-la e ir embora...
Deixá-la e fugir

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Le temps qui reste, de François Ozon*

Sobre como lidar com uma morte próxima, a própria.
Como escolher vivê-la sozinho, partilhando-a apenas com alguém na mesma situação,
uma espécie de orgulho dos quase-mortos.
O tempo que resta pode ser ocupado de formas diferentes.
Há sempre um tempo que resta, para todos.
Alberto HernandoCunnus. Repressão e Insubmissões do Sexo Feminino2ª ed., 1999Lisboa, Edições Antígona(tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra)

A cona, a partir do paradigma masculino, é um espaço paradoxal; alheado como parte física do corpo feminino, desencadeia inúmeras fantasmagorias sexuais, exaltações desejos; presta-se-lhe homenagem ao convertê-la num objecto artístico ou mitificando-a; apalpa-se, lambe-se e cheira-se como requinte lúbrico; é temida e venerada... E também é denegrida, provocando proibições, nojos, vergonhas; é ocultada, atribuindo-se-lhe a origem de infinitas desgraças; é desacreditada, escarnecida e difamada; é vista como coisa depravada, impura e maléfica. As duas antinomias não constituem critérios separados. Podem coincidir – ou confundir-se – ao mesmo tempo. A sua lógica é arbitrária e reversível. (...)Essas duas lógicas - atracção versus repulsa – fundam cultura e sociedade. Cultura enquanto os mitos, a literatura e a arte se ocupam da cona. Sociedade, ao suscitar leis, costumes, superstições, investigações médicas ou especulações psicológicas.
(...)
O deus ex maquina que provoca a violência e a perseguição contra a cona é o medo masculino que nasce do conhecimento da precariedade do seu próprio sexo face ao feminino. Medo atenuado traduzido em misoginias, medo exacerbado traduzido em machismos recalcitrantes. Medos inseparáveis do fascínio que ao mesmo tempo a cona suscita.Esta ambivalência - repulsão/atracção - em relação ao sexo da mulher virtualiza-se na escrita através de subtis, grosseiros e incisivos poemas; bem como nos relatos onde se descrevem as diferentes espécies de erotismo. Dado que entre escrita e sociedade existe um vínculo causal e interactivo, não se deve esquecer que a ordem social impõe os seus códigos ao dizer: prescrevendo e proscrevendo; moralizando (em masculino) os valores e o sentido da linguagem. Os imaginários sociais sobre a mulher ganham assim corpo numa escrita condicionada. Certamente que a maior parte das conas - falando a partir da metonímia masculina que a assimila à mulher toda - vivem na anuência do seu domínio: submissas conas de débito maternal e conjugal; aborrecidas e murchas conas virginais; sacrificadas conas constrangidas a uma moral beata e conas mercenárias (prostituídas) de simples valor de uso. Mas um sector, cada vez mais amplo, de conas opta por diversas formas de insubmissão: conas conversas (femininos moderados que querem ser iguais - em direito e atitude - aos homens), conas perversas (feminismo fálico que quer impor-se aos homens) conas subversivas (feminismo utópico ou ácrata que quer anular a barreira dos géneros) e conas reversivas (malditismo feminino que faz girar essa barreira até que explode).Os três primeiros casos são insubmissões que jogam com o desejo - para se valorizarem, impor ou particularizar - no interior de regras de jogo masculinas (ordem produtiva). O último caso (conas fatais) não se apoia em nenhuma declaração de princípios, impõe (seduz) a sua sexualidade como um desafio: demonstra o macho que és; vence-me sexualmente! Perante essa aposta o homem - de orgasmo limitado - nada pode fazer. Só as conas sedutoras escapam plenamente às ciladas de ordem sexista masculina. Mas que ninguém se iluda ou se engane: toda a insubmissão se caracteriza pela sua pontualidade, pela sua interinidade, pela impossibilidade de alcançar um estatuto permanente, porque a ordem masculina pode recuperar - enquanto não mudarem substancialmente as coisas - o seu domínio por outras vertentes não sexuais. No entanto, e apesar de tudo, o importante é a liberdade saborosa alcançada durante a insubmissão e não o posterior caminho do fim da fuga.
"La vida no es la que uno vivió, sino la que uno recuerda y cómo la recuerda para contarla"

"Vivir para contarla", Gabriel García Márquez, Random House
“O Resto da Minha Alegria”, Valter Hugo Mãe, Cadernos do Campo Alegre, 1ª edição, 2003

um

façam-no feliz e não
o culpem de nada, digam-lhe
a verdade, que esta
dura morte é ainda o
resto da minha alegria

peçam-lhe que venha tão
depressa, digam-lhe que
não durmo e que estarei
no telhado entristecida a
desbotar ao sol
incomodando os pássaros
cada vez menos

a remoção das almas

depois deus
vai inclinar-se sobre
mim como às labaredas
de uma fogueira

e vai devorar-me
antes de as flores
me façam cheirar bem

até lá,
fica comigo,
surtidos pelos lugares
enquanto o céu senta
o cu nas nossas cabeças.
Nós estamos destinados a viver uma vida de amor. Quando não estamos apaixonados é porque algo de errado se passa. Infelizmente, muitos de nós resignamo-nos perante a desilusão, a perda e a desordem nas relações. Ainda que possamos ser muito bem-sucedidos em outras áreas da vida, a maioria de nós não sente que o mesmo grau de sucesso no amor seja um direito natural seu. "Ser realista no que toca aos relacionamentos" é a atitude que se considera natural à medida que "crescemos" e deixamos de alimentar fantasias, tolices, sonhos de infância. Mas nada poderia estar mais longe do que é natural. (....) Não nos apercebemos de que quando não estamos apaixonados algo não está bem.
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Estar apaixonado é a coisa mais madura e realista que se pode fazer. Traz energia às nossas vidas, preenche-nos com uma disposição positiva, desperta a generosidade e torna cada momento pleno de beleza. Estar apaixonado dissipa de forma imediata a sensação de falta de propósito e de desconecção com que muitos se confrontam. O corpo é sarado, o coração fica feliz.
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Estar apaixonado é o nosso estado natural.
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(...)
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SHOSHANNA, Brenda, Zen e a Arte de Amar, Editorial Presença, Lisboa, 2006.
E agora o importante é a viagem! Já comecei! Mas polaco... hum... não é fãcil!
Acho que me fico pelo complemento de inglês! :)
Ah, só depois da Biologia
Aquela raiva desapareceu... Deu lugar á ansiedade apaziguada, á calma que me acompanhou por tanto tempo, ao medo e ao desejo insustentado do que aí vem...
O segredo... Porto de Mós! A forma como acolheu os nossos surfistas do BTT...! A forma como me acolheram... A simpatia e a sede de descoberta dos montes íngremes... de mim.
Ainda consigo fascinar-me com a rapidez com que mudo o pano de fundo da minha realidade...
E o pior, ainda consigo admirar-me com a rapidez com que a vida nos tira a vida...
E quase fiquei sem chão...
Duas semanas de perdas irreparáveis e irreversíveis.
Duas semanas de reencontros com a verdade.
Duas semanas de tudos, duas semanas de nadas... de choros, de sorrisos, de abraços, de afectos puros, de sentimentos tão sentidos...
E encontrei-me... Já era altura. Chega de egoísmos. Mas confesso que agora só preciso de me fazer, acabar com o meu inverno.
A senhora disse que ando sempre ao colo de Deus, que só tenho de acreditar, porque "Amar é a eterna inocência e a única inocência é não pensar."
E ver... que se veja com o coração. "Um dia serei pó, mas pó enamorado"