É como aquela viagem, não a espiritual, a outra... Aquela em que o crime se prescreveu, como um testemunho comovente da perda de honra, num mundo cada vez mais á parte do mundo, num mundo cada vez mais de cada um, menos meu...
A impiedosa exigência da escrita separa-me enquanto não a cumprir, mesmo que ineficaz, faz-me crer que sentirei alivio, que sentirei leveza, que poderei sentir-me.
Todas as manhãs olho para uma caneta e um pedaço de papel em branco. Mas parece-me tão puro, tão limpo, tão inexperiente e inocente... que tenho MEDO de o manchar com a tinta preta das palavras que me consomem e tentam eclodir na imcompreenssão de tamanho vazio.
Agora o milagre acontece, talvez com a ajuda da noite, talvez com o envolvimento da magia que permanece na cidade que me viu um dia, que me tornou a ver e que me tem outra vez, como dado adquirido, como toda dela, como parte integrante que o abismo da memória nao quis separar.
Todos os dias morro e renasço com a força delicada que juro ser verdadeira, bem acima de mim. E apesar disso, haverá mais. Sempre. Com uma beleza arrebatadora que me faz estremecer, acelerar,desfalecer, sorrir, chorar...! Tudo se mistura e confunde. Numa felicidade momentânea que anseio e aguardo penosamente, serenamente.
E confesso que me assusta, que me preocupa porque nao tenho coragem para sentir a vulnerabilidade advertente de tamanha "utopia". E é ai que reside a frustração.
Mas sorte! Há a necessidade imperiosa de viver! Mesmo que varie sinusoidalmente, é fantástico olhar a manhã clara, como que orvalhada de maravilha e descoberta, num ambiente que aprendo a preservar e cuidar, manter e melhorar. É nele que transponho toda a ternura, toda a paixão. E gosto. Recupero a cada minuto todas as horas que dou. Tenho muito mais desde então, não há chance para perdas calculadas e propositadas. Porque o ganho é infinitamente vasto e faz-me esboçar um sinal de esperança saudosista na conspiração que o universo tem no meu querer.
Voltei. Sem mágoa. Porque haverá mais. Sempre.
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Um comentário:
ha sempre mais pra quem merece... e tu mereces mais do que ninguem...
Adoro-te (a ti e à tua escrita)*
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